OCP nos Dias da Música 2018

OCP e Voces Caelestes apresentam A Criação de Haydn
26 de Abril às 21:00, Grande Auditório, CCB

Orquestra de Câmara Portuguesa
Pedro Carneiro direção musical
Coro Voces Caeleste
Sérgio Fontão direção coro

Carla Caramujo soprano GABRIEL
Thomas Michael Allen tenor URIEL
Peter Kellner baixo RAPHAEL
Ana Quintans soprano EVA
Wolfgang Holzmair barítono ADÃO
Voces Caelestes
Sérgio Fontão maestro do coro 
Orquestra de Câmara Portuguesa
Pedro Carneiro direção musical

Joseph Haydn (1732-1809) A Criação

«Gastei tempo porque quero que ela dure», dizia Haydn da sua oratória A Criação. Tal como as últimas composições de Bach, minuciosamente preparadas e impressas, A Criação destinava-se à posteridade, iniciativa ainda pouco habitual na profissão musical.


Com libreto de Gottfried van Swieten, a partir de um poema anónimo inglês inspirado no Génesis e no Paraíso Perdido, de John Milton (1608-1674), A Criação é uma das maiores obras-primas da história da música, propondo-nos uma reflexão sobre o episódio bíblico da Criação do Mundo. Foi apresentada pela primeira vez numa sessão privada em Viena, no Palácio de Schwarzenberg, a 29 de abril de 1798, tendo chegado ao grande público aproximadamente um ano depois, no dia 19 de março de 1799, no Burgtheater de Viena, com Haydn na direção e Antonio Salieri no cravo.

A introdução é uma das páginas mais espantosas de Haydn. Para descrever o caos, explica ele, «evitou as resoluções esperadas; é que ainda nada tomou forma». Três elementos alternam nesta grande obra animada pela filosofia das luzes e pelos ideais da Maçonaria: a narração (recitativo secco dos arcanjos e depois do Génesis); os comentários líricos ou descritivos (recitativos acompanhados, árias, excecionalmente coro); e os cantos de louvor (conjuntos e coro). A influência de Händel foi, sem dúvida, determinante: Haydn tinha podido ouvir as suas oratórias durante as suas duas estadas em Londres. Mas A Criação é, sobretudo, fruto da sua própria experiência. É o primeiro exemplar de um novo tipo de oratória, a do século XIX e XX.

texto: André Cunha Leal, in site CCB

OCP com DKO nos Dias da Música em Belém
28 de Abril às 21:00, Grande Auditório, CCB

Orquestra de Câmara Portuguesa
Deutsches Kammerorchester Berlin
Bruno Borralhinho direção musical

José Fardilha barítono GIANNI SCHICCHI
Susana Gaspar soprano LAURETTA
Maria Luísa de Freitas meio-soprano ZITA 
Luís Gomes tenor RINUCCIO
Marco Alves dos Santos tenor GHERARDO
Ana Paula Russo soprano NELLA
Luís Rodrigues barítono BETTO DI SIGNA
Nuno Dias baixo SIMONE
José Corvelo barítono MARCO
Cátia Moreso meio-soprano LA CIESCA
João de Oliveira baixo MESTRE SPINELLOCCIO
Armando Possante barítono MESSER AMANTIO DI NICOLAO
André Henriques baixo PINELLINO
Tiago Amado Gomes barítono (GUCCIO)
Orquestra de Câmara Portuguesa
Deutsches Kammerorchester Berlin
Bruno Borralhinho direção musical

Giacomo Puccini (1858-1924) Gianni Schicchi

Num festival em forma de tríptico e num dia dedicado às tentações terrenas e aos vários pecados, não poderia faltar um lugar especial para A Divina Comédia, de Dante, também ela dividida em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. Neste concerto, olhamos para o Canto XXX do Inferno através de uma das partes de um outro tríptico, este em forma de ópera e estreado há precisamente cem anos: o Tríptico de Puccini. 
Na Divina Comédia, Dante Alighieri (1265-1321) condena os seus inimigos políticos e pessoais ao Inferno e apresenta-os como exemplo daqueles que merecem ser sujeitos aos maiores dos castigos. Entre os desafetos do poeta estava Gianni Schicchi, cidadão de Florença, que teria falsificado a seu favor o testamento de Buoso Donati (Dante era casado com Gemma Donati, membro dessa família e, por isso, igualmente lesada). Buoso morreu a 1 de setembro de 1299 e, na Divina Comédia, Gianni Schicchi aparece retratado no Inferno, no Canto XXX, entre os Falsários. 
Há precisamente cem anos, Puccini, com a ajuda do libretista Giovacchino Forzano, iria pegar nesta história e fazer dela a terceira parte do seu tríptico, estreado na Metropolitan Opera de Nova Iorque, no dia 14 de dezembro de 1918.

texto: André Cunha Leal, in site CCB